Ano 7| Nr.72 | mar 2022

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Editorial

Vacinação PNV de oportunidade em contexto de consulta do viajante 

A consulta do viajante deve constituir uma oportunidade de atualização do Programa Nacional de Vacinação (PNV), em que acrescentamos a vacina da gripe se em época gripal e agora também a vacinação contra a COVID-19.

A vacina Tétano e Difteria (vacina Td), por ser a única vacina do PNV que implica administrações recorrentes, é aquela que mais facilmente é lembrada na consulta de Viagem. Com a atualização do PNV 2017, a vacina Td passou a ter uma validade no adulto de até 20 anos enquanto não se atingem os 65 anos e de 10 anos a partir daí.

Quando estamos perante um viajante sem qualquer registo eletrónico na plataforma VACINAS e sem qualquer prova documental de vacina prévia, deve optar-se pelo esquema de imunização primária de Td com 3 doses no esquema clássico recomendado de “0, 1, 6 meses”.

Também a vacina do Sarampo e a da Poliomielite estão por vezes em falta na consulta pré viagem. No caso da poliomielite, é raro a ausência de qualquer registo prévio de vacina (vacina existe desde a década de 60 e foi administrada de forma universal a praticamente toda a população portuguesa) mas é bom lembrar que um reforço da vacinação pode ser recomendado na deslocação para e de países onde o vírus da poliomielite ainda circula, quer na forma selvagem quer associado a estirpes vacinais de vacina viva atenuada oral. Tal como com a vacina Td, perante a ausência de qualquer registo documental (informático ou em papel), de vacinação primária contra a poliomielite, deve ser iniciada a vacinação com esquema de 3 doses, administradas aos 0, 1 e 6 meses.

Relativamente ao sarampo, os viajantes nascidos após 1970 devem obrigatoriamente ter registo de vacina do Sarampo ou em sua alternativa, história credível de imunidade natural pela doença. Como não existe atualmente no nosso país vacina isolada do sarampo faz-se a vacina do sarampo, papeira e rubéola (VASPR). É preciso lembrar que sendo a VASPR uma vacina viva atenuada, não pode ser administrada a viajantes com doença ou terapêutica imunossupressora ou sob fármacos biológicos. Os viajantes nascidos antes de 1970 consideram-se naturalmente imunes e nenhum procedimento adicional está recomendado. Já relativamente aos profissionais de saúde, independentemente do ano de nascimento, devem ter sempre 2 doses de vacina de sarampo (VAS ou VASPR), ou história de doença prévia.

A regularização de vacinação do PNV em atraso, deve fazer parte das preocupações de todas as consultas de viajante, quer as mesmas ocorram no âmbito do SNS ou em sistema privado de saúde, devendo os serviços SNS promover a sua administração no próprio local da consulta, no próprio dia ou encaminhar (se a consulta ocorrer fora do SNS) para a UF de inscrição do viajante nos cuidados de saúde primários.

 

Dinarte Nuno Viveiros
Vice-Presidente SPMV

 

 

Atualidades na Medicina do Viajante

 

Gripe na Europa

A atividade do virus gripal na Europa em meados de Março manteve-se basal em 19 dos 42 países considerados mas foi moderada na Bélgica, Dinamarca, Estónia, França Georgia e Kasakistão e elevada na Bulgária e Luxemburgo, tem sido detetados virus influenza tipo A e B, sendo A(H3) os virus mais frequentemente detetados nos doentes hospitalizados.

 

 

Febre Amarela no Quénia

Um surto com 4 casos fatais de febre amarela foi detetado na região de Isiolo, no Quénia, a cerca de 270Km de Nairobi. Espera-se que haja rapidamente uma campanha de vacinação nas áreas afetadas. O surto prévio a este tinha sido em 1991-1993.

 

 

 

PUBLICAÇÕES SELECCIONADAS

 

McKerrow Johnson I, Shatzel J, Olson S, Kohl T, Hamilton A, DeLoughery TG. Travel-Associated Venous Thromboembolism. Wilderness Environ Med. 2022 Mar 31:S1080-6032(22)00035-7. doi: 10.1016/j.wem.2022.02.004.

Acosta RW, Visser JT, Chen LH, Leggat PA, Flaherty GT. Adaptation of travel medicine practitioners to the COVID-19 pandemic: a cross-sectional survey of ISTM members. J Travel Med. 2022 Mar 3:taac032. doi: 10.1093/jtm/taac032.

von Haehling S, Birner C, Dworatzek E, Frantz S, Hellenkamp K, Israel CW, Kempf T, Klein HH, Knosalla C, Laufs U, Raake P, Wachter R, Hasenfuss G. Travelling with heart failure: risk assessment and practical recommendations. Nat Rev Cardiol. 2022 Jan 6. doi: 10.1038/s41569-021-00643-z.

 

 

 


 

FICHA TÉCNICA

Edição 
Direção da SPMV

Corpos Diretivos da SPMV
Direção 
Prof. Doutora Cândida Abreu
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto
Presidente

Dr. Dinarte Nuno Viveiros
Unidade de Saúde Pública, Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Interior Norte
Centro de Vacinação Internacional, Coimbra
Vice-Presidente

Dr.ª Sandra Xará
Centro de Vacinação Internacional,
Centro Hospitalar Universitário do Porto
Secretária-Geral

Dr.ª Gabriela de Lacerda Saldanha
Unidade de Saúde Pública, Agrupamento de Centros de Saúde Tâmega I – Baixo Tâmega
Vogal Efetiva

Enf. André Silva
Centro de Vacinação Internacional, 
Centro Hospitalar Universitário do Porto
Vogal Efetivo e Tesoureiro

Dr.ª Gabriela Saldanha
Responsável de Conteúdos Editoriais

Mesa da Assembleia Geral 
Prof. Doutor Jorge Atouguia
Clínica de Medicina Tropical e do Viajante
Presidente

Prof.ª Doutora Cláudia Conceição
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Vice-Presidente

Dr. Rui Pombal
UCS – Cuidados Integrados de Saúde (Grupo TAP)
Secretário

 

 

Conselho Fiscal 
Prof. Doutor Saraiva da Cunha
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Presidente

Prof.ª Doutora Filomena Martins Pereira
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Vice-Presidente

Dr. Luís Malheiro
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Vogal

  

 

 












 

 

Supervisão e apoio Técnico Informático
Catarina Reis

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