Ano 7| Nr.75 | jun 2022

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Editorial

Novas tecnologias na medicina da viagem

 

O mundo está a tornar-se cada vez mais global com viagens cada vez mais longínquas e rápidas. A informação para os riscos em viagem e sua prevenção tem-se tornado cada vez mais importante, em paralelo com o aumento de viajantes e migrantes. A medicina do viajante dedica-se tradicionalmente à prevenção de doenças infeciosas, tropicais ou emergentes, a impedir a deterioração de doenças crónicas durante a viagem e a outros aspetos como a saúde mental, acidentes e doença da altitude, etc. No entanto, da mesma forma que as viagens evoluem, também a ciência e tecnologia têm acompanhado esta tendência.

 

Hoje em dia, os viajantes possuem na palma da mão o acesso a toda a informação necessária para viajar, seja ela relevante ou não, exata ou imprecisa, real ou fictícia. A forma como a encontram, a filtram e a compreendem é, na maioria das vezes, dependente deles mesmos, levando a mitos e a precauções em excesso ou em defeito. O surgimento dos smartphones e outras tecnologias na última década teve um impacto significativo na indústria do turismo. O viajante pode agora planear e mudar o curso da sua viagem à última hora com um simples dedo. As novas redes sociais tornaram-se a regra na partilha de informações sobre as viagens, na maioria das vezes realizada por pessoas sem formação na área e baseado no empirismo e nas suas vivências enquanto viajantes. A pandemia pode ter impedido transitoriamente as viagens, mas mais importante, limitou por muitas vezes o contacto do viajante com o profissional de medicina da viagem, tendência que tem vindo a ser amplificada por fenómenos de telemedicina.

 

O nosso papel enquanto médicos e enfermeiros na medicina da viagem é insubstituível, mesmo com todas as novas tecnologias que surgem. Não obstante, o receio de nos tornarmos obsoletos não deve ser a raiz do medo de adotarmos novas tecnologias, mas deverão fazer-nos pensar de como as poderemos incorporar na nossa prática de forma a vermos o nosso trabalho facilitado e mais eficiente. Poderão elas poupar trabalho burocrático? Poderão elas compensar a nossa comunicação incompleta, dado que por vezes nos falta o tempo e a saliva para transmitir toda a informação necessária? Poderá ela facilitar o nosso contacto com os viajantes durante a viagem e melhorar o nosso apoio em tempo real?

 

Talvez seja este o momento de refletirmos de que forma pode a SMPV entrar na onda das novas tecnologias e de atualizarmos a nossa forma de pensar e trabalhar. Lança-se desta forma o desafio aos membros da SPMV para refletirem as suas limitações no dia-a-dia e de que forma poderiam as novas tecnologias ajudar. Vamos abraçar o futuro em conjunto.

 

 

 

Luís Malheiro, MD, PhD
Infeciologista CHVNGaia / Espinho

 

 

                                                                  

 

Atualidades na Medicina do Viajante

Infeção por Monkeypox - Portugal

 

A 8 de Junho de 2022 a Direção-Geral da Saúde (DGS) confirma até ao momento, um total de 209 casos. A maioria destas infeções foram notificadas em Lisboa e Vale do Tejo, mas também há registo de casos nas regiões Norte e Algarve. Todos as infeções confirmadas são em homens entre os 19 e os 61 anos, tendo a maioria menos de 40 anos. Todos os casos estão estáveis.

 

Anisaquíase, Japão

Mais de 100 casos de intoxicação alimentar causada por consumo de peixe contaminado com parasitas de Anisakis spp foram reportados a 6 junho 2022 no Japão. Os peixes que mais frequentemente transmitem esta infeção são o carapau, a cavala e o bonito. O parasita é encontrado nas águas salgadas de todo o mundo, incluindo o ártico; é um nemátodo que vive no intestino destes peixes mas que migra para os músculos quando o peixe é apanhado e morto. Assim a forma de prevenir a infeção por Anisakis é logo que capturado o peixe retirar os órgãos internos.

A contaminação humana manifesta-se com dor abdominal intensa e vómitos após a ingestão do peixe contaminado. Mais de 90% das pessoas manifestam sintomas que se prolongam muitas vezes com dor intensa e algumas vezes reações alérgicas. O aumento da temperatura das águas marítimas nos anos recentes criou um ambiente favorável para o crescimento de anisakis.

 

 

 

PUBLICAÇÕES SELECCIONADAS

Ongoing monkeypox virus outbreak, Portugal, 29 April to 23 May 2022. Perez Duque MarianaRibeiro SofiaMartins João Vieira, et al. Euro Surveill. 2022;27(22):pii=2200424. doi.org/10.2807/1560-7917.ES.2022.27.22.2200424.

 

Medical Conditions and High-Altitude Travel. Luks AM, Hackett PH. N Engl J Med. 2022 Jan 27;386(4):364-373. doi: 10.1056/NEJMra2104829

 

REUNIÕES

IV Curso de Formação em Medicina do Viajante – 27 de junho 2022, Amarante

Inscrições em curso, últimos lugares disponíveis

 

 


 

FICHA TÉCNICA

Edição 
Direção da SPMV

Corpos Diretivos da SPMV
Direção 
Prof. Doutora Cândida Abreu
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Centro Hospitalar Universitário de São João, Porto
Presidente

Dr. Dinarte Nuno Viveiros
Unidade de Saúde Pública, Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Interior Norte
Centro de Vacinação Internacional, Coimbra
Vice-Presidente

Dr.ª Sandra Xará
Centro de Vacinação Internacional,
Centro Hospitalar Universitário do Porto
Secretária-Geral

Dr.ª Gabriela de Lacerda Saldanha
Unidade de Saúde Pública, Agrupamento de Centros de Saúde Tâmega I – Baixo Tâmega
Vogal Efetiva

Enf. André Silva
Centro de Vacinação Internacional, 
Centro Hospitalar Universitário do Porto
Vogal Efetivo e Tesoureiro

Dr.ª Gabriela Saldanha
Responsável de Conteúdos Editoriais

Mesa da Assembleia Geral 
Prof. Doutor Jorge Atouguia
Clínica de Medicina Tropical e do Viajante
Presidente

Prof.ª Doutora Cláudia Conceição
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Vice-Presidente

Dr. Rui Pombal
UCS – Cuidados Integrados de Saúde (Grupo TAP)
Secretário

 

 

Conselho Fiscal 
Prof. Doutor Saraiva da Cunha
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Presidente

Prof.ª Doutora Filomena Martins Pereira
Instituto de Higiene e Medicina Tropical
Vice-Presidente

Dr. Luís Malheiro
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Vogal

  

 

 












 

 

Supervisão e apoio Técnico Informático
Catarina Reis

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O surto de hepatite aguda em crianças reportado em países europeus