Ano 7| Nr.77 | ago 2022
Editorial
Assegurar a saúde em viagem
Os viajantes internacionais colocam-se frequentemente em situações de risco para a sua saúde quando viajam. Quer esteja associado à má preparação pré-viagem, questões que concernem destinos mais problemáticos ou por comportamentos de risco, as patologias relacionadas com a viagem são encaradas com surpresa e indesejadas. Além disso, qualquer problema de saúde em viagem pode ser hiperbolizado se os destinos são desconhecidos, de baixos recursos ou se a língua nativa do país é diferente.
Revela-se assim essencial que os viajantes se preparem de forma adequada para as contingências médicas inerentes ao destino escolhido. Este processo implica não só a procura de um especialista em medicina do viajante mas também a aquisição de um seguro de saúde, de forma a garantir assistência durante a viagem internacional.
Quando se viaja através de agências de viagem, em que o programa inclui o serviço completo – estadia, transferes, avião – está prevista a inclusão de seguro, dado que por lei é obrigatório. Atualmente a COVID-19 é abrangida nos imprevistos, incluindo despesas médicas, farmacêuticas e de hospitalização, em caso de infeção por SARS-CoV-2. Nas reservas isoladas, apenas voo ou alojamento por exemplo, as agências habitualmente dispõem de um leque de seguros que podem ser adicionados à compra.
Não obstante, quer se viaje através de agência ou por meios próprios, o seguro de viagem é essencial. Ao utilizar um cartão de crédito para comprar um voo, é comum estar automaticamente associado um seguro de viagem. Contudo é fundamental que o viajante perceba que as coberturas são habitualmente muito básicas e, em caso de acidente ou doença, dificilmente cobrem os gastos. Assim, as recomendações ao viajante são de contratar um seguro, avaliando com clareza as coberturas médicas, justificando-se a adição de coberturas se existem condições médicas pré-existentes, ou a eventualidade de lesões associadas a atividades de alto risco, ataques terroristas, conflitos armados ou desastres naturais.
Muitos governos facultam aconselhamento aos cidadãos mediante sites governamentais. O governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, dispõe do “Portal das Comunidades”, onde se encontra informação genérica de todos os destinos e permite ao cidadão efetuar o “Registo do Viajante”, facultando assim informação dos países que pretende visitar, datas das viagens, locais de permanência e contactos locais e de emergência. Este registo assegura a localização imediata pelo governo português, em situações de catástrofes naturais, acidentes ou atentados.
As Embaixadas e Consulados portugueses podem prestar auxílio ao viajante, quer na emissão de documentos provisórios em situação de extravio, quer na facilitação de contacto com unidades hospitalares, em caso de acidente ou doença. O viajante pode ainda solicitar apoio às Embaixadas ou Consulados de outros Estados membros da UE, em países onde não exista representação consular portuguesa.
Sandra Xará, MD
Infeciologia, CVI CHUPorto
Atualidades na Medicina do Viajante
COVID19, China
Em contraciclo com todos os restantes países do Mundo, a China prossegue a sua política de zero casos COVID19, com aplicação de medidas restritivas e confinamentos em larga escala, de aldeias ou cidades inteiras, sempre que é detetado um novo surto. Praticamente já não existem restrições relevantes de entrada ou saída dos países, estratégia adotada por Portugal, que neste mês de agosto, apresenta uma das mais baixas incidências deste ano.
Encefalite Japonesa, Índia
Após cheias históricas ocorridas recentemente na índia, no Estado de Assam, a região debate-se com um surto de Encefalite Japonesa, contabilizando 305 casos confirmados e 52 óbitos (letalidade 17%). As autoridades indianas revelam preocupação com o aumento esperado de casos na região e o possível alastrar aos territórios vizinhos.
Febre Hemorrágica de Marburg, Gana
Em julho de 2022, o Gana reportou o seu primeiro surto de Febre Hemorrágica de Marburg, o segundo de sempre na África Ocidental (1.º surto foi registado em 2021 na Guiné-Conacri). Há 3 óbitos a registar. Oficialmente o País só tem registo destes 3 casos, estando em estudo, um 4.º caso, que aguarda confirmação laboratorial. A exemplo do Ébola, o vírus Marburg é altamente transmissível através de contacto direto com fluidos corporais, com superfícies ou materiais contaminados, tendo como reservatório os morcegos da fruta.
REUNIÕES
28.º Congresso Nacional de Medicina Interna, 2 a 5 de outubro de 2022, Centro de Congressos do Algarve, Vilamoura, Portugal.
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FICHA TÉCNICA
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O surto de hepatite aguda em crianças reportado em países europeus